Guilherme Agens- Ita Instituto
Até mesmo para quem é do ramo
não é simples nem fácil entender todo o processo de existência da exploração
mineral em Itaituba. No início com
burocracia simplificada se tornava mais fácil o processo. Quando o ouro foi descoberto
em Itaituba no ano de 1958 a fofoca do ouro trouxe para nossa região do Tapajós
gente de todas parte do brasil com demanda maior do estado do Maranhão.
Potencial aurifero ainda é grande
Em 1999 quando a Caixa Econômica
se instalou em Itaituba inclusive construindo a Rodovia Transgarimpeira ou
Rodovia do ouro,(que foi criada na década de 80) o garimpeiro para vender ouro a mesma só
precisava de uma carteirinha e a informação de onde havia extraído seu ouro. No entanto entra em cena a Lei 7805/89 que
criou oficialmente a Permissão de lavra garimpeira ( PLG), lei essa assinada pelo então presidente da república
José Sarney.
PLGs precisam ser liberadas na região
Mesmo assim poucos conseguiam tirar
a PLG, e quem a obtinha podia tirar, transportar e vender tranquilamente seu ouro.
Com isso mesmo estando há três décadas no papel a mesma não era cobrada pelo
governo federal. Para Guilherme Willi Agens, atual vice-presidente do ITA instituto (antigo Instituto tapajós) esse
já era um péssimo sinal do que viria num futuro não distante como uma
problemática na exploração mineral.
A questão é que não existia a PLG então o sistema de venda era nas antigas compras de ouro uma ação prática enraizada culturalmente no universo da garimpagem. E quando o garimpeiro procurou se adequar as normas das leis ambientais esbarrou na ineficiência dosa órgãos governamentais, já que tem garimpeiro que deu entrada em sua PLG e em mais de 30 anos não conseguiu êxito.
Com dados oficiais do Ita
instituto comprovamos nesta matéria que no Brasil até 2024 há 80 mil pedidos de PLGs
sendo que só em Itaituba são 50 mil PLGS solicitadas na atual Agência Nacional
de Mineração (ANM), porém os órgãos responsáveis pela liberação por incompetência
deixam os anos se arrastarem em franca procrastinação. Com essa incúria os
garimpeiros aos poucos foram desacreditando.
Guilherme esclarece em números
e reitera o quanto a questão é delicada e grave para uma região que tem sua vocação
econômica na exploração mineral. Atualmente
somente 975 PLGs foram liberadas em Itaituba, sendo que no Brasil todo foram
liberadas três mil representando 30% aproximadamente nessa liberação das PLGs permitindo
que alguns garimpos sejam ilegais. Mesmo
sendo ineficiência dos órgãos que não conseguem legalizar os garimpeiros o
governo aperta a fiscalização.
Para Guilherme, há falhas
tanto por parte do governo quanto por parte de muitos garimpeiros. Usou como
exemplo um episódio do garimpeiro de nossa região, que pediu liberação de PLGs em 1995 e em 2020
teve seu pedido negado por não apresentar em tempo hábil sua certidão de aptidão.
Isso ocorreu porque a correspondência enviada
ao garimpeiro nunca foi respondida pelo mesmo aos órgãos ambientais, por erro de endereço. Mesmo assim foi feito outro
pedido de reconsideração entre 2018/2020, novamente o garimpeiro não deu
entrada e com isso ficou inviabilizado. Para
o técnico pode ter ocorrido ai um desencontro de comunicação e informação mas que
isso tem sido uma praxe.
Quanto ao recente ato de
manifestação ocorrido no Crepurizinho, Guilherme considera positivo já que como fruto dessa
luta dos garimpeiros da região, já está
sendo criada uma Cooperativa de garimpeiros do Crepurizinho com levantamento de 30 áreas, que poderão obter benéficos
dentro do processo de articulação e
mobilização de todos que vivem na região.
O vice-presidente do Ita Instituo acredita
que essa falta de organização pela categoria se trata de uma questão cultural,
mas que aos poucos está se modificando já que todos agora sentem na pele, a
necessidade da união e de uma ação coletiva num problema que é de todos.
Mas há alguns casos que
diferenciam essa cultura da desorganização citando como exemplo o Garimpo do
Crepurizão que tem sua COMIDEC e hoje está funcionando com eficiência sem
nenhum problema com a presença do IBAM, ICMBIO e outros órgãos que ali entram
fazendo seus trabalhos de fiscalização.
Outro ponto de avanço dentro dessa temática desorganização
é agora o Crepurizinho que criou sua própria Cooperativa e com isso também está
evoluindo para saber lidar com todas as exigências burocráticas para que parem
os atos de queima de equipamentos na região e que tudo seja pautado dentro das
leis com consenso entre governo e comunidade.
Matéria especial,por: Jornalista nazareno Santos.Texo e fotos.Citar os créditos em caso de reprodução.
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