Vocês não me encontrarão vivo no nascer do sol (Nostradamus), Nunca se sabe o final. A pessoa tem de morrer para saber exatamente o que acontece depois da morte, embora os católicos tenham suas esperanças (Alfred Hitcock). Vou ilustrar o tema com um trecho de uma carta de uma atriz global famosa, Leila Lopes após ter se suicidado ingerindo venero para ratos. Carta de Leila
Abro essa crônica com dois pensamentos
de famosos sobre a morte. O Brasil é o oitavo pais do mundo com maior índice de
sucidios.na sua opinião se trata de um caso de saúde pública? O problema tem sido um nó górdio como um desafio
para a psicologia clínica. A morte de um
suicida obviamente é uma tragédia pessoa porque os motivos viram interrogações.
Setembro é o mês amarelo escolhido para fazer campanhas contra o suicídio.
Entendendo que ao mesmo em que
é coisa mais angustiante, talvez o que mais leve alguém a refletir sobre o
valor da vida é quando você está navegando numa caixa de Pandora chamada
celular e deparar-se com a imagem e o fato de quem alguém se suicidou. Ai as teorias existenciais afloram aonde cada
um se prende ou se , liberta de suas concepções de fé, Deus, salvação, as interrogações
dominam mentes e coração, sem respostas porque nós somos seres estranhos que
alimentamos o silêncio, que nos alimentamos de respostas evasivas tanto quanto
a indiferença num mundo de tanta velocidade, que as fibras óticas de nossa insensibilidade
vão nos deixando na linha de vanguarda ou sem querer vamos deixando outros para
trás, porque fizemos da vida apenas um sentido acumulativo de ter e não ser.
Assim feito Ìcaro que fez seu voo em
busca da magia do sol, que derreteu suas asas e ele mergulho no mar da morte se
afogando em seus sonhos de conquistas, assim a moça bonita se foi carregando em
sua volatilidade de vida a morte, um espectro sombrio que veio antes do tempo, mas o que é o tempo se nossa angustia
existencial ou nossa ânsia de felicidade são
facas de dois gumes?
A moça bonita se foi deixando uma filhinha que
agora vai precisar entender que sua mãe fez um voo solo, voando no infinito de
sua solidão mesmo tão longe e tão perto daqueles que lhe foram caros em vida que
são seus parentes. O cantor Belchior em
uma de suas frases mais terríveis quando também enfrentava a Depressão (que
acabou contribuindo para sua morte) ele escreveu uma frase aonde dizia. ”Ano passado eu sofri muito mais do que um
cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”
Não sei que cor poderíamos dar
a essa praga, outubro cinza, azul, vermelho só sei que o demônio inesperado de
todas as horas que muitos chamam de demônio do meio dia que é a depressão, veio, veio
e levou por uma soma de coisas que jamais saberemos porque o suicida é com alguém que arruma suas malas
meticulosamente não faça a ninguém sobre itinerário e se vai sem sabermos se é
uma ida ou também uma vinda, afinal vida é uma ida e vinda, a vida é uma necessidade
de sonhos, de fé de estarmos mais
próximos de Deus, mas nem sempre as respostas chegam da mesma forma para todos
e muitas vezes ela se transforma num vazio, como se a felicidade fosse um olhar
de Medusa petrificando tudo que pareça perfeito, porque a busca do sentido é
uma ilusão de alma e o mundo está ficando cada vez mais uma caricatura do que
somos e o sentido do que queremos ser.
Isto porque o homem é o único animal
que ri e enterra seus mortos, o único animal que julga e condena ao mesmo tempo,
mas culpa da moça ter se suicidado talvez seja de todos nós que fazemos de
conta que a depressão é uma utopia, talvez do estado que não busque, não crie
propostas para ajudar que não haja um fundo de poço, porque o fundo do poço é
um produto de nossas tragédias pessoais e de feridas mal curadas quem sabe. Uma
soma do que não fomos quando deveríamos ter sido no sentido do amor, da
solidariedade, da troca, do complemento.
Não é culpa do celular que
para muitos ao invés de aproximar está distanciando as pessoas, não é culpa de
Deus que nos fez a sua imagem e semelhança e nos recomendou que nos amassemos uns
aos outros como a si mesmo.
Eu não conhecia a moça bonita
mas ela se foi, eu não conhecia o jovem que se matou nas drogas e depois terminou
o serviço com uma corda no pescoço, eu não conhecia um idoso aposentado que
talvez abandonou ou foi abandonado pela família e não suportando a solidão de não
ser também se foi antes do tempo, porque o tempo cada um faz com a argamassa da
tristeza, dos sonhos, da fé, da esperança cada um constrói seu muro ou sua ponte
ou para atravessar ou para se jogar dela a vida não é uma ponte deveria ser um
jardim para enxergamos nela a razão de tudo ou quase tudo que nos faz ser gente
e não lixo reciclável de um mundo tecnológico tão avançado mas ainda tão atrasado no quesito dialogar,
compreender. Infelizmente um fato é inexorável nessa vida ou abandonamos ou um dia
seremos abandonados, talvez esteja no DNA humano que se perdeu entre o sentido
deter e a razão de ser.
Não sei se a moça bonita
deixou uma carta, um bilhete ou algo parecido geralmente o suicida deixa se desculpando,
se explicando eu já várias cartas de famosos e anônimos, lembram de Getúlio
Vargas que disse que estava saindo da vida, mas entrando para a história. Todos os suicidas são assim resolvem sair da
vida para na verdade sair de nossas histórias já que a história dela vai junto
com o ato tresloucado dentro de um recipiente hermético que ninguém vai lê, nem
entender porque as pessoas desaprenderam a interpretar o sentido da vida, a entender
a razão do amor ou a desrazão do ódio. Como
cronista poderia escrever aqui um tratado, uma tese , um mestrado sobre vida e
morte mas nunca poderia explicar como o mundo ficou tão pequeno e está ficando
cada vez mais silencioso não apenas porque as pessoas não falam, se perdem
entre labirintos tecnológicos fascinantes mas sombrios, digitam, ninguém mais escreve cartas um bilhetes
a não ser quando morrem ,como fazem os suicidas
.
E para que você reflitam ais
ainda além dessa crônica sugiro que assistam mas todos juntos num sofá,
pai, mãe, pai filhos, (isso também está em extinção) de preferência com os
celulares desligados ao filme o Telefone do Senhor Harrigan, na Netflix, nessa história
não é vida que imita a arte, mas a arte que imita a vida. Solidão é ruim, é
chata é o que dizem, mas porque as pessoas estão cada vez mais se isolando através
do celular?
como a
moça bonita não soube responder a si mesmo, como ela não encontrou nem dentro
de casa quem talvez respondesse pra ela, não farei tantas perguntas porque as
vezes a vida dispensa ruídos e quando isso ocorre a morte ocupa espaços que não
deveria porque nos falta inteligência emocional para gerenciarmos os nossos e
os sentimento do outro. O outro quem? talvez aquele ou aquela que está invisível ao
nosso lado escondido dentro de uma caixinha mágica aonde guardamos toda nossa
vida feito um rico avarento que põe tudo dentro de um cofre e esconde a chave
sem ninguém sabe.
0 Comentários