Até dia da eleição vamos
produzir matérias para que você fique sabendo e conheça mais a fundo alguns candidatos
(as) que estão em campanha em Itaituba e região. Abrimos a série com uma
mulher, filha de Itaituba. Branca Oliveira,
leiam e analisem a candidata a partir dessa entrevista.
PORTAL DO NAZARENO- Esta é a sua segunda disputa eleitoral. Por
que decidiu entrar para a política? O que te motivou a disputar uma vaga na
Assembleia Legislativa do seu estado?
Branca Oliveira- Essa
história começou depois de uma pequena iniciativa de amigos da Igreja há mais
de 12 anos... Eu sempre procurei ajudar e servir a comunidade, mas a minha luta
pela inclusão se tornou uma vivência diária a partir de 2014, o ano em que eu
dei a luz a minha filha Vitória, ela chegou com síndrome de Down, e nos seus
primeiros dias de vida ela teve que passar por uma cirurgia ne coração
. Foi muito difícil conseguir
o tratamento pelo SUS e nesse período eu acabei conhecendo várias mães que
passavam pela mesma situação, isso me fez enxergar a necessidade da luta por
inclusão. E aquele pequeno projeto foi tomando corpo, cresceu e hoje, além de
levar alimentos, as nossas ações também oferecem serviços básicos de saúde,
assessoria jurídica e cursos gratuitos para a população mais vulnerável. Tudo
isso sem a ajuda do Estado, 100% fruto do voluntariado.
Isso cresceu tanto que em 2020
eu fui convidada para me lançar como candidata a vereadora de Belém. Foram
muitos anos fazendo caminhadas nas ruas e realizando abaixo assinados e a minha
entrada na política foi em busca de poder fazer mais e conseguir viabilizar a
discussão dessas pautas importantes e buscar soluções para os problemas que a
gente enfrenta diariamente.
P.N- Qual é a sua ligação com o movimento Garimpo
é Legal? Como você pretende militar pela causa garimpeira, se eleita deputada
estadual?
Branca Oliveira- Eu nasci no interior do Pará, minha família
chegou em Itaituba para trabalhar com o garimpo assim como outras milhares de
famílias que mudaram em busca de trabalho e um futuro e acabaram formando
grandes cidades que se desenvolveram e desenvolveram o seu entorno em
decorrência da distribuição de renda proveniente da atividade garimpeira. É
isso que fomenta a atividade econômica da região, por la nos temos o Moraes
Almeida, o Creporizão e o Creporizinho e a economia local depende disso.
A minha militância nessa área
é buscar entendimento do governo e da população de que a atividade garimpeira
sustenta famílias e cidades pelo Pará e que se trata de uma atividade milenar,
inclusive é uma das poucas atividades que são citadas na Constituição. Então
existe legitimidade, mas hoje as autoridades chegam lá queimando barracos e
explodindo equipamentos de forma truculenta.
Imagine a polícia invadindo
uma comunidade no Rio de Janeiro com a justificativa de que existem criminosos
na área e que a solução é queimar todos os barracos dos morros. Isso é
inaceitável do ponto de vista dos direitos humanos. E na Amazônia não pode ser
diferente!
Repito, é uma atividade
milenar e que sempre continuará existindo. São famílias, homens, mulheres e
crianças que vivem desses recursos. É papel do Estado organizar e tornar o mais
sustentável possível.
A atividade garimpeira faz
parte da história do Brasil e o nosso projeto é desenvolver a questão da
tradicionalidade dessa atividade, assim como os quilombos, ribeirinhos,
pescadores e indígenas. Já que as reservas garimpeiras já foram instituídas
pela União e que atualmente foram sobrepostas por Unidades de Conservação.
Precisamos lutar para que as
áreas passem por um processo de desoneração. Estamos cobrando isso da Agencia
Nacional de Mineração pois o artigo 174 da Constituição Federal garante garante
a prioridade às cooperativas garimpeiras. E cobrar para que o Estado se faça
presente para ensinar, oferecer educação ambiental de boas praticas de
descarte, da utilização da retorta, da questão da agua e principalmente da
educação das crianças que vivem nessas comunidades.
.P.N- Como conciliar a
atividade com a questão ambiental?
Branca oliveira- Sabemos que
toda atividade exploratória tem um contexto ambiental e que é necessário o
comprometimento com a recomposição das áreas após a exaustão do jazimento. No
projeto que nós desenhamos essa atividade pode gerar renda com o plantio de
culturas agrícolas associado as espécies florestais, isso permite aliar a
produção com a conservação da floresta.
P.N- Como avalia a situação do
garimpo no seu estado?
Branca Oliveira- Há
necessidade de desenvolvimento econômico e existe a tradicionalidade
garimpeira, nós estamos falando de uma atividade milenar que é muito importante
para a região pois é a única responsável pela distribuição de renda.
Enquanto a atividade
garimpeira cria oportunidades para pessoas simples e sem escolaridade, consegue
estabelecer cidades e desenvolver a economia de municípios, as grandes
mineradoras pagam pela compensação, empregam apenas mão de obra qualificada e o
capital humano vem todo de fora. O dinheiro vai embora da região e não sobra
nada para a população. De um lado estão os garimpeiros e do outro mineradoras
multinacionais que dispõem de capital para financiar propaganda, fazer lobby e
promover premiações de matérias realizadas pela imprensa. É uma luta de Davi
contra Golias.
P.N- Como vê a
representatividade da atividade para a economia?
Branca Oliveira- Os recursos
minerais estão entre os recursos naturais mais importantes do planeta, e quando
falamos de Brasil, 30% de nossa economia vem dos garimpos quando fazemos uma
soma dos estados de como o Pará, Roraima, Rondônia, Mato Grosso e Amazonas.
Se você fizer um mapeamento
das cidades, verá que vários municípios nasceram do garimpo e que a atividade é
a base da economia.
Termino com um questionamento
a você e ao público: se a ideia é proibir o garimpo e retirar todos os
garimpeiros para abrir caminho para as grandes mineradoras, para onde essas
milhares de famílias irão? Virar mendigos nos grandes centros urbanos? Viver de
auxílio do governo? .Nos levantamos a bandeira do garimpo legal e vamos seguir
lutando pelo reconhecimento e respeito da atividade.
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